"Se as crianças não forem expostas a música estranha, elas podem muito bem crescer, ir à escola, arrumar empregos, ter filhos... e morrer! Sem nunca terem experimentado a loucura! Isso é muito perigoso!" - LUX INTERIOR
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
As rádios apoiam a música paranaense?
Por Luiz Cláudio Oliveira
Na semana passada fiz a seguinte observação em meio a notícias sobre lançamentos de CDs de bandas paranaenses: “E as rádios de Curitiba insistem em não tocar música paranaense e uma das desculpas é a de que não teria produção suficiente.” O radialista, ator e músico Mauro Mueller não gostou e me mandou extensa correspondência. Publico aqui na íntegra. Após, vem uma pequena resposta minha e mais um grande texto de um segundo e-mail do Mauro. Foi lançada a discussão. Com a palavra, os músicos e os radialistas.
Começa por Mauro Mueller:
Paulo Camargo e Luiz Claudio:
Tenho 28 anos de rádio, 19 de televisão, toco em bandas desde os meus 11 anos de idade, torço pela música curitibana (a melhor do mundo), agora trabalho com rock e esporte, apresento programas de música e de esporte em rádio e televisão, torço pelo Coritiba, Paraná e Atlético. Faço teatro em Curitiba há 6 anos, torço pelo João Luis Fiani, Edson Bueno, Mauro Zanatta, Fátima Ortiz, Marco Zenni e todos os seus bons alunos, sempre dei espaços às bandas locais pelas rádios e tevês por onde passei, sem nunca obter negativa de diretorias às minhas solicitações, fiz projetos para as bandas locais, e hoje faço isso numa rádio que também sempre fez isso e parece que uns e outros fazem que não ouvem e fingem que não vêem.
Estou meio cansado, estou cada vez mais puto da vida de ajudar a cena, dar apoio às bandas, brigar por elas, tocar nas rádios em que trabalho e ler matérias em jornais que dizem que não toca banda local em rádio... talvez por não ter sobrenome importante, por não ser filho de gente graúda em Curitiba (se bem que meu pai foi o primeiro apresentador de telejornal na Tv Paraná Canal 6, isso pra mim é importante), ou por não ser rico, político, sei lá... mas eu sempre trabalhei pelas bandas de Curitiba e nem preciso dizer das coletâneas, do Arromba, de shows e de outras coisinhas que fiz junto com uns malucos a fim de apavorar a cena.
Tudo bem que exista o amor incondicional e eu amo esta cidade sem querer retorno (tenho um poema que diz: “nunca ganhei dinheiro ou fama por causa da musical música curitibana, mas sempre dei voz a quem berra”), mas também posso e me acho no direito de ficar “puto”. E a rádio em que trabalho (91Rock) também faz isso há tempos, portanto me dói pelos outros que também o fazem. E tem muita gente que faz isso aqui nesta cidade, mas não ganha os louros, os devidos créditos, ou pelo menos uma citação na lápide.
Meu nome é Mauro Mueller, atualmente faço teatro, música, trabalho em dois veículos de comunicação, entre eles, sou coordenador artístico da Rádio 91Rock e me sinto ofendido quando uma declaração mentirosa é feita em um grande jornal, como foi a matéria de meia página, assinada por Luiz Cláudio Oliveira, sobre lançamentos de álbuns, na Gazeta do Povo do dia 13 de outubro, quarta-feira, no Caderno G. E lembro que já mandei e-mail para esta mesma pessoa sobre este mesmo assunto há algum tempo. Mas, parece que você, Luiz, insiste em afirmar uma mentira destas.
Vários e vários músicos curitibanos dão entrevistas no 91Minutos, programa de segunda à sexta aqui na 91Rock, para falar de música, comentar o rock curitibano e para falar de discos, músicas, shows, movimentos e atividades. Todas as semanas temos convidados, gente como Zé Rodrigo, Paulo Juk, Fábio Elias, Carlos Gaertner, e muitos, muitos outros artistas locais que ficam uma, às vezes duas horas no ar.
Em vários horários da rádio, temos participação de músicos curitibanos, pois damos valor às cabeças pensantes locais. Com comentários, programetes, módulos, até para comentar jogos temos a participação de artistas curitibanos e ex-jogadores de Coxa, Atlético e Pr Clube.
Às vezes até de rádios concorrentes, mostrando que somos a fim de unir a cena. No fim do ano passado fizemos um especial em que participaram várias rádios FMs locais e shows ao vivo com as bandas Trapobanda, Relespública, Monster Jam e entrevista com a banda Mônaco Beach, churrasco e uma verdadeira confraternização de natal da música curitibana.
Quando o Ivo Rodrigues morreu, ficamos dando informações do velório, enterro, falamos ao vivo de lá, tocamos Blindagem toda hora e fizemos um especial com Zé Rodrigo, Rogéria Holtz, Rodrigo Vivás, Marcelus e o Blindagem. Fou uma hora ao vivo só com músicas do Blindagem, porque nós demos a verdadeira importância à carreira e a vida e obra dele, um artista acima da média, sensacional. Uma hora ao vivo tocando e falando da banda e da importância do Ivo Rodrigues na cidade, na história do rock curitibano e de como ele era nosso amigo.
Eu mesmo disse no ar que um planeta dentro de Curitiba morreu com a saída da Terra do Ivo do Blindagem.
Foi na semana do Dia Mundial do Rock.
Me ofereci e fui depor em favor da banda King Kong de Conga na justiça, contra o Tihuana, para provar que a música “pula” era plágio da música “pule” da banda local, pois acompanhei os lançamentos das duas músicas, desde o início. Sempre divulguei nas rádios em que trabalhei o andamento do processo. Tenho cópia em meu PC. Isto inclusive daria para fazer uma matéria enorme em seu jornal, porque a banda curitibana ganhou a ação movida na justiça e foi declarada a confirmação do plágio. Vitória para a criatividade curitibana.
Estamos esta semana começando a gravações de programas de auditório com artistas locais. Em novembro e dezembro, vamos fazer especiais de fim de ano com várias bandas locais que são executadas na programação normal da rádio.
Damos atenção para as bandas locais da mesma forma como damos atenção às grandes bandas nacionais e internacionais, executando durante os 7 dias da semana em horários nobres e demais horários da rádio.
Temos um programa maluco, bom demais, o Rádio Caos, que é inteiramente feito por músicos e artistas locais, pirando com poetas, contadores, músicos e suas músicas.
Hoje a Rádio 91Rock está apoiando a segunda edição do Kaiser Sound. Eu mesmo estou apresentando todos os eventos que desde o ano passado apóia a música curitibana. Com patrocínio e tudo. Você fala que música local não está tocando em rádios locais é porque não vive aqui, ou não ouviu somente para citar os últimos 3 anos a 91Rock!
Você não curte ouvir a rádio em que trabalho? beleza, mas ligue para nós e pergunte antes de publicar afirmando algo que você não sabe. TOCAMOS SIM. E muito. Estou aqui faz pouco mais de 3 anos e na coordenação artística desde março deste ano. E muito antes de eu entrar, já tocava som local aqui na 91Rock.
Só para te dar um pequeno levantamento diário sobre o mês de setembro/outubro:
DAS VELAS
DJOA
GARAGEMODERNA
MAGAIVERS
4 CANTOS
MOTOROCKER
NUVENS
Executadas em horários nobres da rádio: 1, 2, até 3 vezes ao dia.
Sem contar os grandes nomes da música local e que nós também rodamos de forma geral, como BLINDAGEM, SABONETES, BLACK MARIA, NO MILK TODAY, BEIJO AA FORÇA, RELES (é... ainda tocamos Reles), CORES D FLORES, ANACRÔNICA, NAMASTÊ, DJAMBI, TREM FANTASMA, só para citar alguns.
Então...
A 91ROCK TOCA BANDAS LOCAIS.
Desde muito antes da última vez que você escreveu em sua coluna.
Só fico aqui pensando: Por quê você não admite isso?
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Valeu, Mauro. Acho a tua manifestação muito importante. No dia em que receber mais umas três destas, vou acreditar que o rádio do PR toca as músicas do PR – e não é só porque são do PR, mas porque são boas.
Ah, e mande notícias sobre a programação da rádio que eu também publico (ou no blog ou na Gazeta)
Abraços
L.
P. S. só não ponho a tua opinião na íntegra na Gazeta porque minha coluna tem no máximo 4 mil caracteres
FONTE:
http://www.gazetadopovo.com.br/blog/sobretudo/
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