terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Lulu" é único, diz vocalista do Metallica sobre disco com Lou Reed


Por MARCO AURÉLIO CANÔNICO
Da Folha de S.Paulo

Pouco antes do show do Metallica, que fechou a noite de domingo no Rock in Rio, James Hetfield, vocalista e guitarrista da banda, topou com seus velhos conhecidos do Sepultura nos bastidores.

Andreas Kisser, guitarrista da banda brasileira, pergunta se ele pretendia mostrar algumas canções de "Lulu", o aguardado (e improvável) álbum que o Metallica gravou com Lou Reed e que será lançado em 31 de outubro.

"Sem chance", respondeu Hetfield. "Não é música de festival, digamos assim."

Falando à Folha pouco depois, o músico disse que "Lulu" não deve nem ser considerado um disco do Metallica. "É muito diferente. Também não é o novo álbum do Lou Reed, é o primeiro disco de Lulu", completa.

O nome, que Hetfield aplica tanto ao disco quanto à nova "banda" com Lou Reed, é derivado de duas obras do dramaturgo alemão Frank Wedekind (1864-1918) conhecidas como "as peças de Lulu", para as quais Reed começou a escrever uma trilha que agora virou o álbum.

Em entrevista, Hetfield disse que "Lulu" é "um álbum bastante adulto, muito profundo", e comentou a parceria com Lou Reed.

*

Folha - Você falou que "Lulu" não é música de festival.
James Hetfield - Quando eu quero ouvir "Lulu", eu coloco fones de ouvido e mando todo mundo sair da sala. É uma experiência muito individual e muito diferente. É único, por isso o chamamos de "Lulu", não de "Lou Reed & Metallica".

Como aconteceu o trabalho com Lou Reed?
Ele nos convidou. Eu não queria fazer covers do Lou Reed, então, quando ele veio com essa ideia [de retrabalhar as canções escritas para a peça], foi perfeito. Nós iríamos pegar as letras dele e escrever músicas que se encaixassem nelas. Ficávamos fazendo jams e foi notável, tanto nós quanto ele ficamos espantados com quão divertido, intenso e bom estava soando.

E o que achou dele?
É muito intelectual, mas também tem um certo aspecto infantil, ele fica brincando com sua mente, se você deixar. Nós não deixamos [risos]. Como letrista, é um gênio. Ele é único.

Ficou algo experimental?
Não é tão louco. Tem os vocais intensos dele e coisas do Metallica. É difícil não soar como o Metallica, mesmo quando tentamos. Mas acho que é ótimo, com canções típicas de Lou Reed, algumas animadas, outras lentas, pesadas. E algumas das coisas mais rápidas que o Lars [Ulrich, baterista] já tocou.

Os fãs de metal podem ser bem resistentes a mudanças. Você teme a reação dos seus?
Os fãs são exigentes e podem ser muito maldosos, escrevem coisas que não teriam coragem de dizer na sua cara. Nós já contamos com isso. Mas tudo bem, esse álbum não é para esse tipo. É para nós, para o Lou Reed. Estamos escrevendo o próximo disco do Metallica e eles podem esperar por ele.

Seria um disco para os fãs de Lou Reed?
Eles provavelmente vão odiá-lo também. Não sei, o disco é para quem gostar dele. Nós o fizemos, foi divertido e, para nós, soa fantástico. Pode abrir os olhos de algumas pessoas, ou não.

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