"Se as crianças não forem expostas a música estranha, elas podem muito bem crescer, ir à escola, arrumar empregos, ter filhos... e morrer! Sem nunca terem experimentado a loucura! Isso é muito perigoso!" - LUX INTERIOR
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Descubra os motivos para Keith Richards chamar Mick Jagger de "Brenda"
Bandas quase sempre possuem histórias de problemas em lidar com o ego de alguns de seus integrantes. Com os Rolling Stones não é diferente, afinal eles estão juntos há mais de 40 anos, mais tempo que os muitos casamentos deles.
Keith Richards conta em sua biografia, "Vida", que tem um sério problema em lidar com o ego inflando e o estrelismo de Mick Jagger. Em grande parte dos primeiros anos, o guitarrista esteve tão alucinado com as drogas que simplesmente deixou o controle do grupo nas mãos do vocalista.
Quando Richards conseguiu finalmente se livrar da heroína, decidiu que era o momento de tirar um pouco do peso da responsabilidade das costas de Jagger. Ao contrário do que imaginava, o amigo não gostou e ficou bastante bravo do outro querer tomar o seu lugar. Keith diz que Mick controlava a todos como marionetes e se imaginava o dono deles.
A relação seguiu estremecida desde então e os dois têm problemas de convivência. O músico conta que Jagger sobre da "síndrome do vocalista", ou seja, por toda a atenção que acaba recebendo, ele acredita ser mais importante que os outros integrantes.
Segundo Richards, ele não sabe dançar muito bem e sempre foi um tanto tímido, ainda assim conseguia colocar sua personalidade nas apresentações. Mas em algum momento ele deixou de ser ele mesmo e passou a ser um personagem de si mesmo, que faz o que os empresários exigem. Até aula de canto ele teve, mas quanto isso o guitarrista achou que foi a única coisa positiva.
O relacionamento conturbado entre eles fez com que Keith e os outros colocassem apelidos desagradáveis em Jagger. Veja no trecho abaixo porque eles o chamam de Brenda:
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No começo dos anos 80, Mick começou a ficar insuportável. Foi quando ele se tornou Brenda, ou Sua Majestade, ou simplesmente Madame. Estávamos em Paris, novamente nos estúdios Pathé Marconi, em novembro e dezembro de 1982, trabalhando nas músicas do álbum Undercover. Fui até a WHSmith, uma livraria inglesa na Rue de Rivoli. Esqueci o título do livro, mas ali estava ele, um romance espalhafatoso escrito por Brenda Jagger. Ah, te peguei! De agora em diante, sabendo ou não, gostando ou não, você vai ser a Brenda. E ele com certeza não gostou nem um pouco. Mick levou séculos para descobrir. Nós ficávamos falando da "Brenda, aquela jararaca", e ele bem ali na sala, sem fazer a mínima ideia de que estávamos falando dele. Mas isso gera algo terrível, e é bem parecido com o modo como Mick e eu tratávamos Brian. Uma vez que você libera esse ácido, ele começa a corroer tudo.
Aquela situação era o ápice de uma série de coisas que vinham acontecendo há vários anos. O maior problema era que Mick tinha adquirido um desejo absoluto de controlar tudo. Na cabeça dele, havia Mick Jagger e os outros. Essa era a atitude que nós víamos nele. Por mais que ele tentasse, não conseguia parar de se esforçar para parecer o numero uno, pelo menos aos próprios olhos. Havia o mundo de Mick, que era um mundo de socialites, e o nosso mundo. Isso não funciona nada bem quando se está tentando manter uma banda unida, ou seus componentes felizes. Ó, céus! Depois de todos esses anos, o sucesso lhe tinha subido à cabeça! Ele ficou tão cheio de si que não havia mais nada. Os integrantes da banda tinham praticamente se tornado empregados, inclusive eu. Essa sempre foi a atitude dele com todo mundo, mas nunca com a banda. Quando a coisa chegou até nós, foi preciso dar um basta.
Um ego inflado é sempre algo difícil de se lidar numa banda, principalmente uma banda que está junta há muito tempo, que é bastante unida e que realmente tem como respaldo uma conduta íntegra, ainda que um tanto bizarra, pelo menos entre os integrantes. A banda é uma equipe. De certo modo, é algo bem democrático. As coisas têm que ser decididas por todo mundo - não tem esse negócio de alguém querer falar mais alto. Qualquer um que tente se elevar acima dos outros está se colocando numa posição perigosa. Charlie e eu revirávamos os olhos, como quem diz: "Você consegue acreditar numa coisa dessas?". E por algum tempo fomos aguentando, enquanto Mick tentava dominar tudo. Quando você para para pensar, nós já estávamos juntos havia uns vinte e cinco anos quando a merda voou no ventilador. A opinião geral é de que mais cedo ou mais tarde isso tinha que acontecer. É algo que acontece mais dia, menos dia com todas as bandas, e havia chegado a hora do teste. Será que nós conseguiríamos segurar essa?
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Vida
Autor: Keith Richards
Editora: Globo
Páginas: 640
Quanto: R$ 49,90
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