segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Máquina do tempo


Por CRISTIANO VITECK

Esse fim de semana fiz uma coisa que até alguns anos atrás era bastante comum, mas atualmente é cada vez mais rara: comprar discos... e em uma loja de discos real, e não em uma loja virtual da internet. Uma hora vivida em meio a muitos discos. Trouxe uma sacolada de CDs pra casa.

Sempre fui um frequentador assíduo de lojas de discos e acredito que já gastei muito mais dinheiro do que alguma pessoa sensata acha que deve ser gasto em LPs e CDs. Gastei e continuo gastando, só que bem menos do que antes. Primeiro porque a internet nos permitiu ter acesso facilitado a uma infinidade de música que de outra forma jamais teríamos acesso. E o melhor: de graça.

Mas, se por um lado a internet nos deu acesso facilitado, de forma cruel ela praticamente acabou com um dos maiores prazeres que uma pessoa que gosta de música tem (tinha?) que é o ato de ir a uma loja de discos.

Para pessoas normais, ir a uma loja de discos era simplesmente chegar no balcão, pedir o CD do fulano de tal, pagar e ir embora.

Para pessoas com um parafuso a menos na cabeça, ir a uma loja de discos está inserido em uma teia de rituais. Digamos que eu queira compra um CD do Zwan. Normalmente as lojas dispõem os discos em ordem alfabética pelo nome do artista. Mas um fissurado em discos jamais começaria a procurar direto na letra Z. Começaria pela letra A – dos artistas nacionais, e não internacionais. Se o artista é brasileiro, a procura iniciaria pelos cantores internacionais, também de A a Z.

Nessa busca você encontra ainda uma pilha enorme de outros discos que lhe interessam. Dá uma ouvida atenta em todos, olha o encarte, lê a ficha técnica (porque é fundamental saber quem é o produtor, se há músicos convidados, etc.), verifica se a edição é nacional ou importada, se é reeditada ou original, qual a gravadora. Fica atento à qualidade da impressão da capa... Coisas que passariam em branco para pessoas normais, mas que são IMPORTANTÍSSIMAS para um colecionador de discos.

E depois, na loja, você ainda dá uma olhadinha em camisetas, bottons, no balcão de promoções...

Entrar em uma loja de discos é entrar em uma máquina do tempo. É como ser lançado em um filme em preto e branco da década de 40. É um mundo que existe só na memória, quando não havia internet e música a gente ouvia em belos aparelhos de som 3 em 1 e não na porcaria de um celular ou na xaropice de um MP3 player.

Feliz de quem aprendeu que música não se aprecia somente com a audição, mas também com os olhos e o tato. E isso, só um CD e um LP podem proporcionar...

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