sábado, 18 de setembro de 2010

"Eu não descobriria tanto brinquedo se não fosse pela minha filha", diz John, do Pato Fu


Apenas 24h depois de anunciado o show de lançamento do álbum "Música de Brinquedo", praticamente todos os ingressos para a apresentação do Pato Fu em São Paulo já estavam vendidos. Para John Ulhoa, guitarrista e compositor da banda mineira, a procura, que foi surpreendente, pode ser atribuída também à curiosidade. "Acho que as pessoas ficam pensando como é que a gente vai resolver as músicas com esses instrumentos. É engraçado que tem muitos músicos na plateia".

O show que acontece hoje, sábado e domingo em São Paulo apresenta o mais novo disco da banda --gravado usando apensas instrumentos de brinquedo-- segue a mesma linha do CD e leva ao palco pianinhos e guitarrinhas de plástico, uma minibateria e um xilofone colorido, surpreendentemente bem afinados.

John conta que a descoberta e a pesquisa com os sons infantis foram, em parte consequencia de ser pai. "Não é só por que tenho filha. Mas é matemático: eu nao entraria nas lojas de brinquedo e descobriria tanta coisa se nao fosse para dar de presente para a Nina". Filha de John e Fernanda Takai, Nina também participa no disco.

O repertório reúne sucessos de outros artistas, como "Primavera", famosa na interpretação de Tim Maia, e "Live and Let Die", de Paul McCartney, que ganhou "vocais nervosos" de crianças no refrão. As versões, muito longe de parecerem paródias, ficam divertidas.

"Até poderíamos compor, mas ia tirar a graça. O legal é você reconhecer o arranjo, que já é familiar com outros instrumentos", explica John. Ele conta ainda que a escolha do repertório foi "emocional", com canções escolhidas também pelos outros integrantes Fernanda Takai, Ricardo Koctus, Xande Tamietti e Lulu Camargo. Mas ele explica que foram levados em conta aspectos técnicos que permitissem usar os brinquedos.

Numa onda em que já embarcaram Adriana Calcanhoto, Edgard Scandurra e Arnaldo Antunes, fazer música "de qualidade, que também comunique com o público infantil sem ser infantilóde" era também uma vontade do Pato Fu, como conta John. Segundo ele, as comparações e sugestões de "imitação" não aconteceram.

"Quando o 'Pequeno Cidadão' [trabalho de Scandurra e Antunes, Taciana Barros e Antonio Pinto] foi lançado, o Scandurra foi lá em casa, e comentávamos justamente sobre essas coisas que surgem ao mesmo tempo. Acho que tem a ver com um momento por que passa nossa geração". disse.

Se a geração encaretou? "Envelheceu, com certeza. Mas há atitude em mostrar um jeito criativo de se expressar. Às vezes, assumir uma postura rock'n'roll é bem mais vazio", defende.

Ao longo das gravações, e mesmo durante as reações inusitadas dos instrumentos no show, foram inevitáveis as gargalhadas. Também contribuiu para a "brincadeira" a convivência com as crianças, que gravavam por que "estavam ali por perto, sem ser pesado para elas".

Mas a diversão dos membros da banda, segundo John, não é exclusiva dos trabalhos, assim, lúdicos. "Não abandono muito a bobeira interior."

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