"Se as crianças não forem expostas a música estranha, elas podem muito bem crescer, ir à escola, arrumar empregos, ter filhos... e morrer! Sem nunca terem experimentado a loucura! Isso é muito perigoso!" - LUX INTERIOR
quinta-feira, 3 de março de 2011
Grandes momentos do jornalismo cultural: Judas Priest sai do armário
Por ANDRÉ BARCINSKI
Janeiro de 1991. Há exatos 20 anos, acontecia o Rock in Rio 2.
Eu era repórter e fui entrevistar Rob Halford, vocalista do Judas Priest, sobre o show que a banda faria no festival.
Naquela época pré-Internet, pré-Youtube e pré-histórica, o jornalista muitas vezes não tinha a menor idéia de como era a cara do entrevistado.
A gente só conhecia os artistas de capas de discos ou fotos em revistas. E as revistas sempre chegavam aqui com meses – ou até anos – de atraso. Bastava um corte de cabelo para você não distinguir quem era quem numa banda.
Por isso era comum, em coletivas, que os integrantes iniciassem a entrevista se apresentando, para evitar confusões.
Cheguei ao hotel e fui falar com o assessor do Judas Priest. Ele disse que Halford estava na piscina e queria fazer a entrevista enquanto tomava um banho de sol.
Cheguei à piscina, que estava abarrotada. Famílias inteiras de europeus tostados de sol, correndo pelo lugar. Uma barulheira infernal. Como achar Halford?
Não foi difícil. Ele era o único que usava um fio dental.
Rob Halford era inconfundível: careca, branco como uma vela, cheio de tatuagens e com uma sunga preta de couro do tamanho de um tapa-olho. Estava deitado numa espreguiçadeira e tomava drinks coloridos, daqueles decorados com um guarda-chuva pequenininho.
O cara foi uma simpatia. Falou da origem da banda e da expectativa de tocar pela primeira vez no Brasil.
Só se irritou foi quando alguns integrantes do Megadeth começaram a dar bombas na piscina e espirraram água em nós. Halford reclamou e foi repreendido com insinuações homofóbicas dignas de caminhoneiro.
A verdade é que, em 1991, poucos fãs do Priest sabiam que Rob Halford era gay. Para os fanáticos, todo aquele couro preto e tachinhas era coisa do demo, não do Village People.
Halford só sairia do armário em 1998, numa corajosa entrevista para a MTV americana. O baixista Ian Hill resumiu: “era o segredo mais mal guardado da história do metal!”
Mas, de qualquer forma, o intérprete da entrevista coletiva no Rock in Rio tratou de se antecipar. E quando Halford pediu licença para que os músicos se apresentassem: “Please, let us introduce ourselves”, o sujeito traduziu por:
“O Sr. Halford pede licença para que os membros do Judas Priest possam se introduzir uns aos outros!”
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FONTE:
http://andrebarcinski.folha.blog.uol.com.br/
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