"Se as crianças não forem expostas a música estranha, elas podem muito bem crescer, ir à escola, arrumar empregos, ter filhos... e morrer! Sem nunca terem experimentado a loucura! Isso é muito perigoso!" - LUX INTERIOR
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Vida: a biografia de Keith Richards
Por CRISTIANO VITECK
Como se estivesse em uma longa, mas agradável e divertida conversa de boteco com um dos maiores rock stars de todos os tempos. É assim que a gente se sente lendo “Vida” – a autobiografia de Keith Richards, o famoso guitarrista dos Rolling Stones. Lançada no finalzinho de 2010 no Brasil, o livro (com mais de 600 páginas) já é um dos atuais campeões de venda. E não é para menos, afinal, o músico é uma das personalidades mais icônicas do mundo artístico do século XX. Bom, nem sei porque eu estou apresentando o cara... Afinal, estamos falando de Keith Richards!
Beirando os 70 anos, mas com um corpinho de 130, Keith Richards é um sobrevivente do rock and roll. De garoto pobre que odiava a escola, encontrou na música a sua razão de viver. Da linhagem dos blueseiros iniciada por Robert Johnson na década de 1920, o guitarrista dos Stones absorveu e aprimorou ao longo de sua carreira uma gama enorme de estilos que vão do country ao rock and roll da década de 50, passando pelo reggae e até mesmo pela disco music. Toda essa trajetória de sua formação músical é claro que é contada em “Vida”, que o guitarrista escreveu em parceria com o jornalista James Fox.
Mas, o que a gente quer saber mesmo é das festas, das prisões, dos vícios, das brigas com o parceiro Mick Jagger e dos fatos que estiveram atrás das gravações dos discos clássicos dos Rolling Stones. A gente quer saber é como Keith Richards trasformou a sua vida num inferno na década de 70 e conseguiu se safar, ao contrário de muitos dos amigos deles que ficaram no meio do caminho ao se aventurarem na brincadeira perigosa que é viver intensamente o espírito sexo, drogas e rock and roll. E Keith Richards não esconde nada, no máximo, dá a sua versão dos fatos...
Com a autoridade que a sua carreira lhe confere, no livro Keith Richards dá algumas dicas que podem ser bem úteis, tanto para uma dona de casa como para quem sonha em se tornar uma estrela de rock. Para estes, o guitarrista afirma que em primeiro lugar é preciso se dedicar muito, buscar aprender sempre as infinitas possibilidades de um instrumento, tocar sempre por prazer em primeiro lugar e, se tiver um pouco de talento e muita, mas muita sorte, quem sabe um dia pode virar uma estrela.
Para quem quer ser malaco ou bandido, o recado é o seguinte: um revólver você usa quando realmente está falando sério. Já uma faca você deve usar apenas para distrair seu oponente, que vai estar preocupado com a lâmina enquanto você está chutando as bolas dele.
Quer ser um drogado? Bom, o melhor é: não entre nessa achando que poderá sair quando quiser. Mas, se mesmo assim insistir, nunca compre drogas das ruas. Vá atrás das melhores. É devido ao fato de ter os melhores fornecedores que Keith Richards credita o fato de ainda estar vivo. As drogas mais poderosas? Heroína e crack. Melhor não brincar com elas...
Foi preso? Para se safar você precisa de duas coisas: seja amigo de pessoas importantes e influentes e, principalmente, tenha muita grana. Foi assim que ele acabou escampando da cadeia tantas vezes...
Tá a fim de matar a fome? Keith Richards dá a receita do seu prato favorito. Purê de batatas com linguiça frita. O segredo é iniciar a fritura da linguiça com a frigideira fria! E mais, do manual de sobrevivência de Keith Richards ainda vem essa outra dica. Para manter a forma, coma sempre que tiver fome. Não caia nessa de se alimentar apenas três vezes ao dia. O ideal é fazer pequenas refeições durante o dia, o que facilita a digestão e ainda ajuda manter a forma!
Está vendo, “Vida” é um livro pra todo mundo. Cabe a cada um tirar suas lições dos ensinamentos de Keith Richards. Ah, é claro que ele ainda fala de dois assuntos polêmicos. Um deles é a lenda de que certa vez ele trocou todo o sangue do seu corpo todo envenenado por drogas por sangue novinho em folha. Outro é o oba-oba que saiu na imprensa há quatro ou cinco anos, quando o guitarrista disse que cheirou as cinzas do próprio pai. Mas isso eu não revelo. Quer saber? Leia o livro.
E já que estamos falando dos Rolling Stones, vale a pena conferir o documentário “Stones In Exile”, lançado também em 2010 e que conta a história da gravação do álbum “Exile in the Main Street”: o melhor álbum do grupo, gravado de forma caótica na mansão de Keith Richards na França em 1972. Um vídeo não apenas recomendável, mas obrigatório!
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Esse livro não pode faltar na estante! É bom demais...
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