"Se as crianças não forem expostas a música estranha, elas podem muito bem crescer, ir à escola, arrumar empregos, ter filhos... e morrer! Sem nunca terem experimentado a loucura! Isso é muito perigoso!" - LUX INTERIOR
quarta-feira, 1 de junho de 2011
10 dicas para o DJ de rock
Por ANDRÉ BARCINSKI
Pra começo de conversa: eu não sou DJ.
Não sei mixar. Não seria capaz de sincronizar a batida de duas músicas nem se minha vida dependesse disso. Não conheço a função de 90% dos botões de um mixer. Minha técnica é primitiva: acaba uma música, começa outra.
Faço sets de rock. Gosto de tocar sons dos anos 80 e 90, com uma musiquinha mais nova de vez em quando.
Sei como é difícil tocar bem. Admiro muito artistas como Mau Mau, Renato Cohen, Murphy, Guab, Snoop, Marky, Nuts, Zegon e tantos outros, que fazem mágica com duas pick-ups e um mixer.
Mesmo sendo um completo amador, toquei em dezenas de festas e clubes nos últimos 20 anos. Nesse tempo, aprendi algumas lições. Espero que sejam úteis para alguém:
Pista de rock não é lugar para mostrar conhecimento musical
Diferentemente do público de música eletrônica, que gosta de ouvir novidades, o fã de rock gosta de reconhecer as músicas que ouve na pista. Por isso, não adianta colocar aquele lado B do Two Door Cinema Club ou o novo remix que um esloveno fez para o Empire of the Sun: é Moisés na certa (“Moisés” é um fenômeno que acontece quando alguém parte uma pista em dois e abre um clarão no meio).
Isso quer dizer que não dá pra tocar novidade?
Claro que dá. Mas é preciso saber dosar. Não adianta fazer um set que só você e seus amigos vão gostar. Minha pista preferida, claro, é a da festa do Garagem, onde o público já nos conhece, tem bagagem musical, e onde dá para arriscar um pouco mais.
Às vezes, uma banda merece ser desconhecida
Numa festa do Garagem, o DJ convidado colocou três músicas seguidas do Grizzly Bear. Parecia que tinham soltado uma bomba de gás lacrimogêneo na pista. O pessoal não voltava nem se a gente distribuísse barras de ouro de graça.
Procure sempre obter informações sobre o tipo de público da festa
Nada pior que chegar na cabine, olhar para a pista, e não ter a MENOR idéia do que tocar. Fui discotecar num clube de rock certa vez. O público era todo na casa dos 30, 35 anos. Havia pôsteres de Rolling Stones e The Who nas paredes. Abri com “Gimme Shelter”. Ficou todo mundo parado, parecia que eu tinha colocado o CD de salmos do Cid Moreira. Por isso, recomendo sempre levar um Ipod com toda sua discoteca. Você nunca sabe do que vai precisar.
Olhei pra pista, não conheço ninguém. O que faço?
Uma boa dica: procure alguém usando camiseta de banda e toque uma música da banda. Costuma funcionar. Pode ser que ninguém mais reaja, mas pelo menos aquela pessoa vai gritar “Uhuuuu!!!!” e achar que a música foi escolhida especialmente pra ela. Mas cuidado com “poseurs”: uma vez, numa festa miada, tinha um moleque com camisa do My Bloody Valentine. Desesperado com a apatia geral, toquei “Only Shallow”. No meio da música, o cara chegou mostrando a camisa: “Conhece My Bloody? Rola aí, DJ!”
Alguém entrou na cabine para pedir música. E agora?
Isso vai rolar, é certeza. Só há uma coisa a fazer: tenha sempre um sorriso congelado no rosto e uma frase na cabeça: “Se eu tiver a música, eu toco!” E não importa o quão esdrúxulo seja o pedido, reaja sempre da mesma maneira. Argumentar é inútil. Um amigo contou que, no meio de um set, um cara chegou para ele e disse: “Aí, DJ, põe uma música pra eu rodar!” Ele não entendeu: “Como assim? Música pra rodar?” O sujeito se irritou: “É, cacete, música pra rodar, tipo ‘I Just Can’t Get Enough”, pô!”
Esteja preparado para o confronto
Minha pior experiência numa cabine foi num clube do ABC. Era uma festa de molecada meio gótica, meio emo. Só que o promoter não me avisou. Quando eu cheguei, o lugar parecia uma mistura do Crepúsculo de Cubatão com o Parque da Mônica. Coloquei uns sons darks dos anos 80, tipo The Cure e Siouxsie. Fui xingado, alvejado com guimbas de cigarro e latas. Um pirralho de 15 anos me entregou um CD do Tristania: “Toca a faixa 4”. Eu estava tão irritado que mandei o moleque encontrar a mãe no prostíbulo e acabei com a festa tocando “Stigmata”, do Ministry. Fica a lição: sempre grite mais alto.
Tente sempre manter as meninas na pista
Festas de rock costumam ser verdadeiras reuniões do Talibã, com oito a dez homens para cada mulher. O pior que você pode fazer é tocar algo que vai espantar as meninas. Por isso, evite Dead Kennedys, Ministry, Rage Against the Machine, Rammstein e Motorhead. Prefira sempre The Cure, Smiths (ou qualquer coisa do Morrissey), Siouxsie, Radiohead e Blondie.
Chegue cedo para “entender” a pista
Uma boa dica é chegar pelo menos meia hora antes do horário marcado e tentar captar o que está funcionando ou não. Tente fazer amizade com o DJ que toca antes de você e torça para ele não ferrar a sua vida. Uma vez, o DJ que tocou antes de mim teve a brilhante idéia de emendar uma hora dos sons mais ogros e machos da história. Rolou até Slayer. A última música que o gênio colocou foi “Killing in the Name”. O que fazer depois de Rage Against the machine? Olhei pra pista: tinha uns 30 caras – nenhuma mulher, claro – todos com olhos injetados, com baba caindo dos cantos das bocas, parecendo uma matilha de dobermans tarados. A solução foi fingir um problema técnico e deixar o clube todo em silêncio por uns cinco minutos, até o nível de testosterona descer a níveis abaixo dos de uma luta do UFC.
Às vezes, as festas que menos prometem são as mais divertidas
Sábado passado, fiz um set de 5h30 no casamento de minha cunhada. Nenhum dinheiro do mundo vale a alegria de ver seu sogro, de terno e gravata, fazendo a dança do passarinho ao som de “Insane in the Brain”, do Cypress Hill. Tem coisas que só a música faz por você...
FONTE:
http://andrebarcinski.folha.blog.uol.com.br/
boas dicas, vou ver como me safo... esperemos que ninguem caia ao chão ao som de ray charles desta vez ;)
ResponderExcluirOpa cara blz!Otimo post o 1º que acho com referência ao dj de rock!
ResponderExcluirTenho duvidas em relação a que tipo de aparelhagem usar, poderia citar as que vc usa?
Quanto a sincronizar batida seria totalmente desnecessário pq rockeiros odeiam isso,nesse caso seria mesmo necessario o mixer?
(Meu publico seria mais Heavy Metal e Hard Rock)