segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Belle & Sebastian volta ao Brasil com disco maduro


Por JULIANA ZAMBELO

Ser fã de Belle & Sebastian nos anos 90 era guardar um segredo. A banda lançava seus trabalhos por um selo pequeno, quase não fazia shows e fugia da imprensa. Aos poucos, com o reconhecimento da crítica, veio o aumento do público e as turnês mundiais, mas esta fase também passou.

Hoje, graças a uma pausa de três anos e meio, o "hype" se foi e a banda está de volta a um espaço reservado no qual se sente mais confortável.

Com 14 anos de estrada e sete integrantes, o grupo escocês lançou em outubro seu oitavo álbum, "Write About Love", e embarcou em uma turnê pequena, que passa esta semana por São Paulo e Rio. A sua primeira vinda ao Brasil aconteceu em 2001.

Em entrevista à Folha, o vocalista e principal compositor, Stuart Murdoch, falou sobre a volta aos palcos, o novo trabalho e as lembranças que guarda de sua primeira visita ao Brasil:

Folha: Como tem sido a nova turnê até agora?

Stuart Murdoch - Está ótima, muito divertida. Temos tocado apenas cinco músicas do novo disco até agora, porque cada música nova que você toca ao vivo leva um tempo para encontrar seu lugar.

O repertório dos shows está variando bastante. Como vocês escolhem o set list? É difícil deixar todo mundo feliz?

Não tentamos deixar todo mundo feliz, para ser honesto. Eu só tento me deixar feliz, o que parece um jeito bastante egoísta de fazer as coisas, mas tem sido divertido voltar a fazer shows e tocar as músicas mais antigas.

E como será o repertório no Brasil?

Algumas pessoas do Brasil já entraram no nosso site e mandaram pedidos, que eu não vou contar quais foram, mas vamos tentar tocar alguma coisa de cada disco.

Como foi voltar aos palcos depois de três anos e meio de pausa?

Foi estranho por mais ou menos dez minutos no primeiro show e logo depois parecia que não tínhamos parado.

Vocês passaram pelo Brasil em 2001. Qual sua lembrança mais forte daqui?

No dia seguinte ao show em São Paulo nós tivemos um tempo livre. Nós saímos e acabamos encontrando algumas pessoas que estavam no show no dia anterior e foi interessante conhecer essas pessoas em um dia normal, cuidando de suas vidas.

Vocês mantiveram contato com essas pessoas que conheceram aqui?

Nós nos correspondemos logo depois com algumas delas, mas isso se perdeu com o tempo. Será interessante ver se as mesmas pessoas vão estar no show.

Algumas críticas ao novo disco descrevem este novo trabalho como "maduro". Você considera isso um elogio?

Não li muitas críticas, mas acho perfeitamente ok. Outro dia a gravadora disse que queria nos afastar do rótulo "adulto contemporâneo", mas eu sou um adulto e não acho que tem nada errado em agir de acordo com a minha idade. Eu tenho 42 anos. Alguns aspectos da minha música mudaram, não componho mais da mesma forma e eu não acho que devo pedir desculpas por isso.

Os dois últimos álbuns do grupo brincam mais com estilos, ritmos, enquanto esse é mais homogêneo. Até a capa lembra os primeiros trabalhos. Vocês tomaram essa decisão conscientemente?

Nada em relação ao nosso grupo vem de uma decisão consciente, nós normalmente só seguimos nossos instintos. Dessa vez, nós fizemos o álbum mais rapidamente, escrevemos as músicas em pouco tempo, então eu acho que isso pode ter contribuído para o disco ficar mais homogêneo. Eu também queria que ele fosse honesto em relação a como estávamos nos sentindo na época ao invés de ser sobre diferentes personagens.

Quanto tempo o disco levou para ser gravado?

Escrevemos as músicas em fevereiro e começamos a gravar em abril. Para nós, isso foi rápido. No estúdio foi mais ou menos um mês.

Em seu diário no site oficial da banda você, comentando o vazamento do disco na internet, disse que talvez não passe mais por esse processo de novo. Do que exatamente você está falando?

Tentamos manter o disco em segredo até o lançamento, mas não conseguimos. Podemos tentar isso na próxima vez, mas isso significa que não poderíamos trabalhar novamente com uma gravadora, teríamos que gravar e lançar nós mesmos. É uma possibilidade.

Como você se sente hoje em relação aos seus primeiros trabalhos?

Eu os ouço quando estou tentando lembrar das músicas para tocar ao vivo, mas eu gosto mais de ouvir os mais recentes, a produção é melhor. Eu me sinto feliz por ter feito aqueles discos, sinto como se eles fossem velhos amigos

Quando você começou a banda, havia muitos outros grupos surgindo em Glasgow e existia um intercâmbio grande entre os artistas, mas faz alguns anos que essa movimentação parou. O que aconteceu?

Eu acho que ainda acontece, mas você fica velho, não sai mais tanto. Eu e minha mulher tentamos sair e ver o que está acontecendo com os mais jovens, mas ele estão em outros círculos, tendo experiências diferentes e toda a ação acontece às três da manhã e não estamos lá porque estamos na cama. Mas ainda tem muito movimento, eu sinto.

FONTE:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/826345-belle--sebastian-volta-ao-brasil-com-disco-maduro-e-planos-de-voltar-a-ser-indie.shtml

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