"Se as crianças não forem expostas a música estranha, elas podem muito bem crescer, ir à escola, arrumar empregos, ter filhos... e morrer! Sem nunca terem experimentado a loucura! Isso é muito perigoso!" - LUX INTERIOR
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Quem sabe faz ao vivo e quebra tudo no final
Por CRISTIANO VITECK
Eu pretendia não voltar por um bom tempo ao assunto, mas já que estamos nesta semana de Rock in Rio e o negócio é quente, então vale a pena dar uma esticada no tema.
No sábado passado (24), relembrando, o disco “Nevermind” do Nirvana completou 20 anos e para comemorar a data e arrancar mais alguns milhões de dólares dos fãs (sim, eu também caí no golpe...), também foi lançado um edição super luxuosa do disco. Entre diversas gravações inéditas, raridades e faixas ao vivo, o melhor desse pacote é o DVD “Live at the Paramount”, que já está sendo vendido por cerca de R$ 40 no Brasil, mas quem quiser também encontra bem fácil para download em blogs especializados por aí.
O DVD tem algumas particularidades que o tornam tão especial. Uma delas é que o show registra o momento exato em que o Nirvana despontava para a fama mundial. Foi gravado em 31 de outubro de 1991, em Seattle (EUA), apenas cinco semanas após o lançamento de “Nevermind”. Outro ponto é a qualidade da imagem e áudio, já que é o único show da banda registrado em película, o que resulta em um vídeo de altísssima definição. Por fim, o que faz de “Live at the Paramount” um item obrigatório para os fãs é aquilo que mais importa: a banda em ação.
Enquanto a fama do Nirvana no início dos anos 90 só fazia crescer, a qualidade de seus shows ia ladeira abaixo. Talvez alguém se lembre da banda tocando no Brasil em 1993, no hoje extinto festival Hollywood Rock. O show de São Paulo foi definido pelos próprios Kurt Cobain e companheiros como a pior apresentação da carreira do grupo.
Uma semana depois, se apresentaram no Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo pela Rede Globo. O show foi um pouco melhor, mas ainda assim, revendo o vídeo anos depois, é deprimente assistir Kurt Cobain anoréxico, chapadaço e com um tédio indisfarçável tocando na frente de 100 mil pessoas. O cantor era o retrato exato de uma música que ele escreveu e que o Nirvana gravou chamada “I Hate Myself and I Want To Die” (“Eu Me Odeio e Quero Morrer”).
Em “Live at the Paramount” a história é bem diferente. Tocando para um público de 5 mil pessoas, Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl, como fica evidente no DVD, estão se divertindo pra caramba com o sucesso que estavam fazendo naquele momento com “Nevermind”.
Fisicamente Kurt Cobain estava melhor, apesar de que na época já fosse viciado em heroína, mas não estava tão detonado pela droga. Ao todo, são 70 minutos de rock tocados com vigor e com verdadeiro “teen spirit”, encerrando com a destruição dos instrumentos, como era de praxe nas apresentações do Nirvana. Coisa linda de se ver!
O Nirvana em “Live at the Paramount” é rock em estado bruto. Talvez exatamente aquilo que tantos que por esses dias criticam o festival do senhor Medina gostariam de ver Rock In Rio...
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