"Se as crianças não forem expostas a música estranha, elas podem muito bem crescer, ir à escola, arrumar empregos, ter filhos... e morrer! Sem nunca terem experimentado a loucura! Isso é muito perigoso!" - LUX INTERIOR
terça-feira, 29 de março de 2011
Iron Maiden ressuscita o adolescente em nós
Por ANDRÉ BARCINSKI
Fui ao show do Iron Maiden sábado, no Morumbi.
Até meus 16, 17 anos, fui um grande fã dos caras, desses de comprar todos os discos.
Quando anunciaram que o Iron ia tocar no Rock in Rio, em 1985, não acreditei. Não podia ser verdade. Era como se alguém dissesse que várias espaçonaves desceriam na Cinelândia. Só acreditei quando vi os caras acenando na sacada do hotel em Copacabana.
Confesso que parei de ouvir Iron logo depois. Me rendi ao peso de Slayer, Metallica, Voivod, etc.
Tenho de dizer também que prefiro mil vezes as músicas mais curtas e diretas dos primeiros discos às mini-óperas progressivas que eles fizeram depois.
Mas guardei um carinho grande pelo Maiden. É difícil esquecer quem nos alegrou na infância.
Fui ao show empolgado. Logo na entrada, um lembrete de como são divertidos show de metal: na calçada do Morumbi, havia um grupo de seis ou sete fãs do Maiden, todos devidamente uniformizados. Não tinham mais de 16 anos.
Havia também várias jovens com camisetas de “Orientadora”, colocadas ali para dar informações ao público. Nas costas das camisetas das meninas, a frase: “Posso ajudar?”.
Os meninos se aproximaram de uma das orientadoras:
- Você pode me ajudar?
- Claro!
- Mas pode mesmo?
- Posso, claro. O que você precisa?
- Meu amigo aqui comeu um lanche de calabresa e precisa soltar um barro. Você ajuda ele?
Meu lado Beavis & Butthead vibrou.
Fiquei parado ali uns 15 minutos, vendo os moleques aplicarem a mesma piada numas oito orientadoras. Valeu o ingresso.
Dentro do Morumbi, o clima era de paz total.
Foi lindo ver pais trintões com os filhos de 10, 12 anos, todos curtindo o som.
Ou grupos de amigos quarentões, hoje bancários, executivos ou vendedores, pulando juntos em “Two Minutes to Midnight” e fazendo “air guitar” coletiva, numa celebração proustiana da adolescência perdida. Tem coisas que só o metal faz por você.
Foi um bom show?
Não.
Acho que nem o fã mais obcecado dirá que este show ficou marcado na história. A banda parecia cansada, e Bruce Dickinson mostrou até uma certa irritação. Tudo pareceu protocolar e no piloto automático.
Eles tocaram cinco músicas novas, mas o público só se empolgou mesmo com os hits.
Mesmo assim, foi emocionante ver a reação da galera a “The Number of the Beast” e “Running Free”. Flashback total.
Próxima parada nostálgica?
Motley Crue, claro.
FONTE:
http://andrebarcinski.folha.blog.uol.com.br/
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